sábado, 15 de setembro de 2012

EMANAÇÃO - QUEDA - REGENERAÇÃO – REINTEGRAÇÃO

Por J. M. Mahou**

Antes do tempo, Deus, a causa primeira emanou espíritos que possuíam em si uma parte da dominação divina. Simbolizavam a essência de Deus e eram participes. Estes seres existiam no seio da divindade, mas sem distinção de ação, de pensamento e de entendimento particulares, somente poderiam agir ou sentir através da vontade única do Ser superior e infinito que os continham e no qual todos estariam em movimento; o que não seria verdadeiramente existir.

Estes seres livres seriam investidos de um culto fixado por leis, de preceitos e comandos eternos. Neles suas virtudes e potências seriam grandes, mas sua sublime origem lhe impunha de somente agir como causas segundas e devendo assim se satisfazer.

Eles observavam, portanto, o Eterno assim como um congênere e desejaram, por sua vez, emanar a seu turno e sendo único chefe, criaturas espirituais que dependessem deles-mesmos , e nos mesmos moldes, como eles dependem de Deus. Resolveram de operar em prejuízo das leis que o Eterno teria prescrito para limitar suas operações espirituais divinas.


Como punição por esta vontade criminal e antes que pudessem exercê-la eficazmente, os espíritos perversos foram precipitados em lugares de sujeição, de privação e de miséria.

Deste modo o Eterno criou o universo temporal para ser o lugar fixo onde estes espíritos perversos exerceriam em privação sua malícia. Onde, também, eles foram privados de toda comunicação com Deus.

O criador exerceu tão energicamente a força da lei contra os primeiros espíritos prevaricadores (do qual Caim retoma o tipo) que seu tormento consiste ser sujeito à operar o mal e de ser condenados a viver por uma eternidade temporal em suas iniqüidades sem poder mudar suas ações más e contrárias à ação divina.

Para dotar esta prisão com uma espécie de guardião, Deus emanou o “primeiro homem”, feito, à semelhança do criador. Este ser espiritual gozaria da comunicação integral e imediata de todo pensamento divino e demoníaco.

O primeiro homem, o Adão Kadmon ou celeste foi, portanto, emanado do criador e uma formidável potência espiritual divina lhe foi confiada e esta não poderia ser de outra forma porque este ser espiritual divino seria efetivamente em sua emanação um espírito puro (e sem macula) e deveria manifestar a glória, a justiça e a força do criador na criação universal, lugar de privação para os primeiros espíritos prevaricadores.

Esta seria a missão deste “Adão protótipo” e dele deveria sair uma posteridade toda espiritualizada de acordo com os preceitos do Criador.

O Adão Kadmon teria sido emanado livre e foi emancipado na imensidade supra-celeste para cumprir sua missão. Deus o deixou agir segundo seu livre arbítrio. Mas Adão foi seduzido pelo Demônio. Em vez de combater os primeiros espíritos perversos, de conte-los e de agir sobre sua vontade má e assim colocar fim ao mal, no lugar de todas estas nobres prerrogativas, Adão, homem glorioso, caiu e Deus o transforma em um ser semelhante àquele que ele havia produzido por sua única operação. Adão transgrediu as leis divinas, cedeu a sede egoísta da existência individual.

Cada um de nós segue este mesmo traço, experimentamos este mesmo desejo de separação. Porque cada vez que um espírito desce para se encarnar em uma forma qualquer, ele comete o pecado original e a queda de Adão se reproduz e se cumpri nele, ínfimo submúltiplo de Adão.

E é assim que o homem ou o menor como o chama Pasqually torna sujeito dos sujeitos que teriam sidos submetidos à sua potencia e à seu comando primitivo. Enfim, Deus o destina a terra como residência com todas as penas desencadeadas por uma semelhante excentricidade.

Esta queda, esta descida do mundo espiritual onde tudo estava em perfeito equilibro e em total harmonia, para as regiões temporais onde reina como mestre o espaço e o tempo, esta queda, lembrem-se meus Irmãos e Irmãs, vocês vivenciaram na sua iniciação ao 1º grau quando que, do centro do Pantáculo, potentes e formidáveis, fostes projetados para o exterior, passando por sete pontos, abandonando este estado de felicidade e o trono de vossa glória que Deus vos havias assinalado. Criado espírito de luz vós haveis contrariado a lei da unidade e caístes.......

O Adão celeste ou glorioso era revestido da dupla potência espiritual ou octenário e esta era tão considerável que malgrado sua prevaricação permaneceu ainda superior a todo outro ser espiritual, seja emanado, seja emancipado antes dele. Por sua queda, e por sua própria vontade, Adão perdeu esta dupla potência e foi reduzido à potência quaternária simples do menor. O menor, na terminologia de Pasqually, significa este espírito saído de Deus, este verbo fragmentário que reside no mais profundo de nosso ser.

O homem, cuja queda é em todo ponto semelhante àquela de Adão, possui nele também esta potência quaternária: potência da liberdade, do pensamento, da vontade e da ação.

Consecutivamente à queda do primeiro homem, numerosos espíritos foram emanados e emancipados nos diferentes mundos da criação universal e ficaram sujeitos à contribuir na reconciliação e na purificação dos menores.

Quando o homem toma consciência de sua degradação, quando se arrependendo, confessa seus erros, quando igualmente deseja com ardor se reconciliar com seu criador, a misericórdia divina o reporá em seu primeiro princípio, em seu primeiro grau de glória e lhe restituirá esta sublime lei divina que ele havia rejeitado ao se desviar.

Somente o homem não tem como obter do criador esta potencia sem trabalhos infinitos e sem sofrer o castigo do corpo, da alma e do espírito.

O homem deve sair de seu estado de inconsciência relativa para conquistar um estado de lucidez espiritual como outrora o povo de Israel teve de sair do Egito e se liberar de sua submissão e de seu estado de privação.

E assim como nós nos servimos de imagens emblemáticas, como não evocar o templo que Salomão construiu à glória de Deus e ver neste templo a imagem do Adão Glorioso, este ser universal que enquanto puro espírito seria o verdadeiro Tabernáculo da lei divina. Por outro lado, todas as proporções do templo, suas dimensões, os materiais utilizados não figuram e não simbolizariam eles, reproduzindo, as leis universais que governam e dirigem toda coisa e todo ser ?

Martinez precisa que é o coração do corpo do homem uma das quatro partes do Tabernáculo do menor corporificado. O coração é, portanto uma porta que dá acesso ao nosso espírito espiritual divino. E a chave? É o desejo espiritual.

A destruição do templo pelos Assírios quando Nabucodonosor era rei figura então a queda do homem espiritual, sua degradação e a perda de sua unidade consciente com Deus, desde então ele se distância das leis, preceitos e comandos Divinos.

Mais tarde, após sua saída do cativeiro, Zorobabel reconstruiu o templo sobre as ruínas do precedente, figurando a etapa que conduziu o homem de desejo, em fim liberto dos atrativos deste mundo, ao estado de novo homem. Esta etapa se cumpriu com os infinitos auxilios divinos, porque Deus somente deseja o bem para o Homem. É o caminho da reconstrução do homem verdadeiro, de sua reconciliação com os princípios espirituais e de sua regeneração.

Esta etapa é figurada pela segunda viagem do grau 1 quando o recipiendário, eis porque sua visão ainda não é “clara”, é guiado por uma mão segura. Mas ele é também sobretudo precedido pela luz símbolo do espírito duplamente forte. É este mesmo fogo sagrado que abrasou outrora o holocausto quando Neemias foi consagrar o templo reconstruído.

Por estas analogias vemos que o homem terrestre é na realidade um microcosmo no sentido mais estrito. Não viu ele, de alguma maneira, durante sua passagem sobre a terra, as mesmas provas, as mesmas alegrias, as mesmas situações que no passado o povo de Israel em todas suas tribulações?

Este longo périplo não seria também ilustrado magnificamente pela parábola do Filho Pródigo?

Segundo Pasqually, o homem efetua somente uma única passagem sobre a terra ao termo do qual ele ascende ao segundo nascimento e finalizará de operar sua ação temporal nos outros céus, isto é, no 3º círculo sensível, visual e racional da imensidão celeste. Depois será reintegrado no seu circulo quaternário da imensidade supraceleste e em fim, no momento da restauração do coração divino, se integrará definitivamente em Deus de onde outrora foi emanado.

Segundo este esquema, tudo conspira ao restabelecimento das leis divinas únicas, tudo converge para a indefinida unidade e isto foi o que Martinez traduziu pela Reintegração dos Seres em Suas Primitivas Propriedades, Virtudes e Potências Espirituais e Divinas.

“Assim, o mal se opõe momentaneamente à norma do bem para manifestar este na eternidade de seu triunfo. Deus não tolera o pecado original, esta inflação ao Bem negativo, que a titulo de gestação tenebrosa e transitória, de onde eclode o Bem positivo: É lá a redenção e a redenção resulta na Reintegração” ( Stanislas de Guaita).

Nossos Mestres Passados nos indicaram a Via; a luz de seu candelabro clareia nosso caminho por mais sofrido que seja este caminhar. Saint-Martin, em fim, em suas obras, nos propõe de ricas meditações e nos transmite eficazes meios de ação.

Cabe a nós trabalhar com ardor e zelo nesta grande Obra, de trabalhar sempre e sem descanso, o que, para todos Martinistas é um imperioso dever.

*** Retirado e traduzido "Bulletin de Liaison", No 14, páginas 16 à 25, 1991.

sábado, 17 de março de 2012

Queda - Regeneração - Reintegração

Por Brigitte Mahou*

O século XVIII foi, como sabemos, um século de profundas transformações, de questionamento dos antigos valores, da religião oficial e dos preconceitos, questionamentos devidos, entre outros, a descoberta de países inexplorados, ao desenvolvimento da pesquisa científica e ao triunfo da Razão.  Entretanto nesta chamada “Era da Luzes” um homem se distingue, Louis Claude de Saint-Martin, o “Filósofo Desconhecido”, com suas pesquisas espirituais de uma categoria elevadíssima, cujo espírito ultrapassa sua época e cuja obra atravessa os séculos veiculando sua mensagem universal.

Aquele que leu Le Tableau Naturel des Rapports Quí Exístent Entre Dieux, L’Homme et L’Univers”(1), por exemplo, entreve diante de si um horizonte insuspeito, compreende um pouco melhor o que o cerca e sobre tudo abre brecha para uma pesquisa ilimitada no tempo e no espaço.

Direcionarei meu estudo a esse Mestre Passado, caro aos Martinistas e a obra “O Quadro Natural”, que foi um dos trabalhos mais importante de Saint-Martin.

Em seu procedimento intelectual o “Filósofo Desconhecido” utiliza, como sabemos, a analogia, cujo apostolado básico determina: O que está em baixo deve ser interpretado pelo que está em cima e vice‑versa.

Abordarei somente o necessário sobre o problema da queda. Evocarei, sobretudo, o meio do homem reerguer‑se dessa queda, ou seja, de sua Regeneração.

Em que consiste a Regeneração para um Martinista? É o passo que segue a tomada de consciência (2) dessa famosa queda. É antes de tudo o Desejo, termo caro a Saint-Martin, de reconquistar o paraíso perdido. Este Desejo, sendo, verdadeiramente profundo e sincero, será o "motor" de nossa alquimia interior. Havendo, tomada de consciência, de nossa infeliz condição, seguida do desejo de mudança e retorno a fonte, começa a Regeneração, essa longa viagem de retorno ao pai.
       
No "Quadro Natural”, Saint-Martin evoca a desordem que provém do homem, as origens da queda; separadas, estas, pelo autor, entre Causa Superior e Causa Inferior. A Causa Inferior deixou de ser determinada pela lei da Causa Superior. A produção de Deus desejou ser como seu igual, desejou independência, então Deus deu o livre‑arbítrio aos homens, deixou a matéria acudir ela-mesma às suas necessidades, o que acarretou a desordem. A união com Deus estava rompida, é necessário renová-la.

O princípio divino não contribui para o mal que pode nascer entre suas produções, pois o homem possui o livre‑arbítrio. A consideração dessa conclusão é que o mal vêm do homem.

"Para que o mal possa se perceber (comenta o “Filósofo Desconhecido”), seria necessário que ele fosse verdadeiro e então cessaria de ser o mal. Tendo em vista que a verdade e o bem são a mesma coisa. Portanto compreender é perceber a ligação de um objeto com a ordem e a harmonia cuja regra possuímos em nós mesmos”

Uma das conseqüências desta queda é que, com a continuação da incorporação material do homem, o sensível tomou o lugar do intelectual e o intelectual do sensível.

Mas, se o homem caiu, ou seja, perdeu seus magníficos privilégios, ele possui em si o germe e todas as virtudes que possibilitam o seu desenvolvimento, se estas são sua vontade e seu desejo.

Neste caso o “Filósofo Desconhecido” evoca as ferramentas que Deus colocou à disposição dos homens para acelerar a sua reabilitação.
        
Segundo a bela imagem de Saint-Martin, o homem carrega consigo um germe invencível cuja existência permite esperar "frutos análogos à sua própria essência, como quando nós semeamos germes vegetativos, obtemos frutos análogos aos princípios de onde eles saíram”.

Percebamos, queridos Irmãos, que esse germe é muito precioso e que nos compete cultiva-lo ou deixá-lo morrer. Nossa responsabilidade é imensa.

Mas, nós somos ajudados em nossa tarefa, porque Deus coloca continuamente sobre a rota do homem imagens destinadas a estimular e abrir‑lhes os olhos. Deus age pela lei universal da Reação, precisa Saint-Martin.

 O que devemos, entender com isto? Desde que nos desviamos de nossa via e empreendemos o caminho do erro, um acontecimento, uma circunstancia inesperada, uma presença humana surge diante de nós a fim de permitir nossa reação; é um signo que o criador coloca em nossa porta para ajudar em nossa recuperação.

Nos resta, portanto, saber interpretar favoravelmente esse signo e, de orar, porque a prece conduz ao discernimento e somente ela clareia, de uma maneira justa, nossa consciência.

Jamais escapamos ao olhar de Deus. Eis o que diz Saint-Martin :"A 1uz intelectual é sempre presente. Quando nos aproximamos ela nos aquece, conhecemos sua existência. Quando fechamos os olhos à sua claridade, deixamos de perceber essa luz, mas estamos permanentemente sob a exterioridade da grande Luz e não podemos jamais estarmos   inacessíveis ao olho do Ser Universal.”
 
Um dos auxílios importantes, para Saint-Martin, é a natureza, a natureza que ensina ao homem que sabe escutar, a natureza que é um verdadeiro instrumento de Deus: "A existência de todos os seres da natureza tem como finalidade maior temperar os maus e as desordens”.
            
O homem deve, portanto, unir suas forças àquelas que lhe são exterior; recolhendo todas as virtudes de todos os reinos terrestres.

 Podemos, portanto, emitir a idéia de que tudo o que nos cerca deve nos servir de ensinamento. Não compreendemos melhor, agora, os sofrimentos atuais do homem moderno que não sabe mais ler o "Grande livro da natureza”, para quem esta natureza tornou-se estranha, tendo como única função seus recursos e cujo único objetivo é ser explorada até o esgotamento e aniquilamento?
      
Como também não pensar nos auxílios de nossos Mestres Passados cuja Luminária é o símbolo em nosso templo Martinista, assim como do “Mestre Desconhecido” perpetuamente presente no Ocidente. Saint-Martin afirma, por sua parte, a necessidade surgida entre os homens de Seres Depositários das virtudes primeiras perdidas pelo homem, e também da necessidade destes Agentes completarem sua destinação por atos sensíveis e terem um culto sobre a terra, um culto verdadeiro tendo unicamente como finalidade o restabelecimento da harmonia entre Deus, o Homem e o Universo.

O “Filósofo Desconhecido” nos revela igualmente que o homem possui em si signos viventes de todos os mundos e de todos os universos e a quantidade de faculdades do Princípio Divino.

Mas para desenvolver esses dons e essas virtudes uma condição é indispensável: a obediência a Deus.

Saint-Martin afirma: “ Se não fosse a mão da Sabedoria que cultiva sua própria semente e   reativa o germe sagrado colocado por ela-mesma em nós, em vão pretenderíamos produzir frutos análogos à arvore que nos engendrou.”

O que parece essencial com relação à Regeneração do homem nesta obra, é o convite feito pelo autor à ação, porque a ação, como afirma "é o germe essencial à reabilitação do homem".

Ação em conformidade, naturalmente, com os preceitos divinos, confirmada por esta idéia do autor:  "O homem simples que segue com fidelidade e confiança os preceitos do Agente Universal é aquele que pode pretender entrar no Conselho da Paz. ".
 
Eis sucintamente o que esta obra de uma densidade, de uma riqueza e de uma profundidade pouco comum pode inspirar à minha reflexão sobre este tema que preocupa cada Martinista ao longo de todas as etapas de seu caminho na via iniciática que ele decidiu um dia percorrer e que lhe conduzirá à Reintegração, à Harmonia Universal, à Unidade de onde somos todos originários, iniciados ou não.

Notas:

(1) Saint-Martin, Louis Claude: “O Quadro Natural das Relações que Existem entre Deus, o Homem e o Universo”.

(2) Ao contrário do diz a autora, este momento anterior à ação firme no sentido da conquista da Regeneração é chamado pelos Martinistas de Reconciliação (N. do T).

*** Retirado do  boletim “O Filósofo Desconhecido” , N 1 – 2006, OM&S .

sábado, 10 de março de 2012

Publicando Rituais na internet




Publicando Rituais na internet

Por Pseudo-Sedir


“Uma coisa ainda mais espantosa é que na nossa época, alguns crêem que podem expor doutrinas tradicionais tomando como modelo a instrução profana, sem fazer o mínimo caso da natureza dessas doutrinas e das diferenças essenciais entre elas e tudo àquilo que hoje se designa por ‘ ciências’ e ‘filosofia’, e do verdadeiro abismo que as separa (...)”

“O ódio ao secreto, no fundo, não é mais do que as formas de ódio a tudo o que passa o ‘nível médio’, e também a tudo que se afasta da uniformidade que se quer impor á todos (...)”

Renée Guenon, O Reino da Quantidade, e os sinais dos tempos.

“Os Sacerdotes [da antiguidade] somente divulgavam seus Mistérios aos iniciados cuja virtude e sabedoria excepcional fossem reveladas pelo exame e pela prova”

Saint Yves d´Alveydre: Mission dês Juifs, pág 290

Os tempos modernos são caracterizados pela vitória da democracia burguesa, pela liberdade política e de expressão e o reconhecimento dos direitos civis das minorias. Paralelamente tivemos um avanço tecnológico inédito em nossa História, com descobertas e invenções fantásticas capazes de mudar a forma de relacionamento entre as pessoas, e destas com o meio ambiente. Neste contexto, a relação e a divulgação do conhecimento cientifico e Iniciático, antes privilégio de uma minoria, tornou-se, quase, uma propriedade de todos, independente de seus conhecimentos e qualidades pessoais para a abordagem destes saberes.

Aparentemente, estamos vivendo uma era de ouro, onde todos têm acesso a, praticamente, todo conhecimento legado pelos nossos antepassados. Mas, a história do mundo e da Humanidade ocorre em ciclos e em ordem descendente, conforme o protótipo universal da queda e esfacelamento do Adão Kadmo. Desta forma a humanidade surgiu na Idade de Ouro (Krita-Yuga ), e foi descendendo para a Idade de Prata (Tretâ-Yuga), Bronze (Dvâpara-Yuga) e Ferro, o já famoso Kali-Yuga.

Estas idades são sucessivas, e ad eterna, cada ciclo (Mahavantara) dura milhões de dias terrestres. O finalzinho de um ciclo se confunde com o início dos demais. A História oficial acadêmica só abarca parte do Kali-Yuga, iniciado com os episódios da “Torre de Babel”, descrita no Antigo Testamento, e as demais idades somente através dos relatos dos livros Sagrados e da mitologia.

Segundo todos cálculos hindus, estamos entrando na etapa final do kali-Yuga, cujo momento derradeiro deve se iniciar por volta de 2030/40.

Desta forma, o maior engodo do mundo moderno é a idéia do progresso contínuo e inexorável, e se realmente tivemos um avanço material/tecnológico espetacular, espiritualmente e Tradicionalmente a humanidade esta regredindo. Este fato é facilmente constatado na decadência religiosa, moral, política, econômica e cultural, dos tempos atuais. As Ordens Iniciáticas, como as religiões, são feitas por homens e também sofrem esta ação involutiva e gradativamente perdem sua força e eficiência espiritual. Eis a causa de tantas Ordens e Iniciações atuais não terem mais a capacidade de transformar e elevar a tônica vibratória de seus membros.

Neste momento final, a Divindade lança um ultimo apelo para que caminhemos para a Regeneração, desta forma, muita coisa que era oculta e inacessível vem à tona como isca para que os últimos seres em condições de entendê-la, e usá-la, se Reconciliem nos momentos finais da consumação dos tempos (não final dos tempos). Por isso há facilidade hoje no acesso ao conhecimento, e mesmo Ordens sempre restritas tornam-se visíveis para todos.

Desta forma, é de interesse da Providência esta maior abertura das Ordens neste momento, pois é seu plano a Regeneração e Reintegração de todos. Mas, infelizmente ao lado da luz sempre há as trevas e, desta forma, este apelo final está sendo seriamente prejudicado pela proliferação de ensinamentos errados e distorcidos sobre a Iniciação, de caráter pseudo-iniciáticos, ou mesmo, contra-iniciáticos. Para agravar a situação, a rede esta infestada de Rituais e práticas, das mais diversas ordens e Fraternidades, numa verdadeira Babel moderna, onde ninguém mais se entende e encontra o Caminho autentico.

A divulgação de Rituais de Ordens ativas na Internet é uma praga que se alastra, contaminando a todos, inclusive os puros em condições de receber a Iniciação Real. É um grande equívoco o que muitos andam cometendo em nome de uma democratização da Iniciação que nunca existiu em lugar ou tempo algum de nossa História. A Iniciação sempre foi monárquica, hierárquica e destinada a poucos.

Estas publicações só servem para aumenta a confusão e o karma de quem divulga estes Rituais, pois ao divulgarmos simulacros de Iniciações, estas Almas que acreditaram nestes textos, poderão perder a última chance de Regeneração neste Ciclo, e serão jogadas para outros planos e mundos onde deverão se esforça muito para retornarem à luz e ao Caminho.

Quando se publica Rituais, ou mesmo parte, de Iniciação Martinista, e outras, há um enorme e duplo desserviço:

Com relação aos profanos:

* Tira o ineditismo, prejudicando a questão psicológica do ritual;

* Concede ao profano uma falsa impressão que já sabe de tudo e muitos podem desistir por achar o ritual muito simples, muito complexo, ou difícil, etc, etc.

* Coloca o profano em sérios perigos, pois ao invocar forças e Egrégoras, sem a devida autorização e legitimidade, forças das Trevas podem responder a este apelo no lugar dos Seres desejados, jogando seu praticante em um precipício de conseqüências psicológicas e espirituais incalculáveis.

Com relação ao divulgador:

* Há uma quebra do juramento iniciático, que cedo ou tarde cobrará sua conta.

* Fecha para si as portas da Iniciação Real.

* Revelar um profundo desrespeito à Iniciação, às Ordens e aos nossos Mestres.

* No Invisível, o divulgador é o responsável por todos aqueles que utilizarem os rituais e práticas publicados. Todos os problemas psíquicos e espirituais advindo pelo uso destes rituais ou práticas, por estes incautos, serão de responsabilidade kármica do divulgador, independente do Ritual já ter sido publicado anteriormente.

Os Rituais das Ordens não são para todos, apenas para os preparados por uma Iniciação válida e sob a proteção de uma Egrégora operativa.

Auto-iniciação, no geral, é um engodo, o que existe, e com restrições, é a Iniciação a distância, feita em concordância de horário com o Iniciador, com preparação adequada e calculo de lua e condições astrológicas corretas, e mesmo assim somente por Iniciadores que conseguem exteriorizar eficazmente sua consciência e duplo.

Poucos Mestres publicaram rituais (principalmente completo), o quando o fizeram foi sob situação específica. Veja, por exemplo, o caso dos rituais Martinistas de Teder, publicado em uma época que não havia internet e na conjuntura da Primeira Grande Guerra, com o claro objetivo de resguardar a Obra.

Não somos Mestres para saber quando podemos, de fato, publicar um Ritual reservado. Observem que nos sites das Ordens e Iniciadores sérios, não há prática ou ritual! Não há democracia ou socialismo na Iniciação!

Quem publica Ritual e práticas, prejudica, e muito, os futuros Martinistas! O Amor à Obra é pensar no próximo e não praticar uma pseudo-caridade levando estes materiais para todos indistintamente, isto se chama orgulho, vaidade, prepotência e interesse comercial e nunca Serviço espiritual!!

Somos, sempre, responsáveis por tudo que fazemos e dizemos na Iniciação.

Por fim, deixo algumas questões para quem pratica estes Rituais sem as devidas Iniciações ou autorizações:

Será que alguém acredita, de verdade, que evoluirá e transmutará seu Ser com a prática esparsa, sem método e acompanhamento de Rituais (e demais práticas) que não entende e não está habilitado para realizá-lo ou oficializá-lo?

Será que alguém acredita, realmente, que usar diferentes Rituais, de diferentes Ordens, segundo sua própria vontade dará um resultado satisfatório em sua jornada espiritual?

Todo Ritual exige preparação. Esta preparação vai muito alem do simples jejum ou abstenções de carne ou álcool. Exige também preparações iniciáticas e teóricas que requerem tempo e amadurecimento do praticante, e somente possível quando inseridos em uma metodologia adequada, contínua e pertinente ao tempo pessoal e personalidade do aspirante, ou seja, somente um Iniciador atuante pode detectar, com relativa segurança, a hora certa para cada etapa prática da jornada do iniciando.

Que sua Rosa possa, através do Sacrifício, Disciplina e Ética, preponderar sobre sua Cruz!!!
Pseudo-Sedir

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Reintegração em Vida por S. Guaita

                                        REINTEGRAÇÃO EM VIDA**

Chamamos reintegrado (Yoghi da escola mística ortodoxa, nas Indias) aquele que pode, todas as vezes que desejar, governar inteiramente seu Eu sensível exterior, para se abstrair em espírito e mergulhar, pelo orifício do Eu inteligível interno, no oceano do Eu coletivo divino, onde ele toma consciência dos arcanos complementares da Eterna Natureza e da Divindade.
Denominamos duas vezes nascido (Dwidja da escola mística hindu) aquele que pode deixar sua efígie terrestre, e revestido de seu corpo astral ou etéreo, ir buscar no oceano astral a solução dos mistérios que ele oculta.
A reintegração espiritual interna pode tomar o nome de Êxtase ativo. - Convencionou-se dar à projeção da forma sideral a denominação de aquele de saída em corpo fluídico ( )...

O êxtase ativo tem dois degraus. - No primeiro, o adepto penetra na essência da Natureza providencial, naturante, que lhe comunica diretamente, sem símbolo, a Verdade-luz. - No segundo, ele pode mesmo comunicar com o Espírito puro, que o arrebata ao Céu inefável dos Arquétipos divinos: nesse caso, há aqui transfusão da Divindade-pensamento que se faz humanidade-pensante na inteligência do adepto, pelo efeito de uma íntima alquimia, de uma transmutação formidável e inexplicada.

A saída em corpo astral difere do êxtase ativo; porque o corpo físico parece então em catalepsia, acionado por uma vitalidade quase imperceptível; enquanto o corpo astral ou mediador plástico (envoltório ambulatório da alma espiritual) flutua na imensidão do éter sideral ou luz universal, e se dirige onde quer, unido que está ao corpo material por uma espécie de umbilicação fluídica. Nós já explicamos esse ponto.

Assim, a personalidade consciente vaga em forma astral onde bem queira, e vai por si mesma tomar conhecimento das realidades longínquas que podem lhe interessar ( ). Mas então, - se são noções de ordem inteligível que ela pretende adquirir, - tais noções não lhes são senão simbolicamente transmitidas, pelo intermédio da luz astral, que, antes de tudo configurativa, não fala senão oferecendo à sagacidade do espírito uma série de imagens, que este deve traduzir em seguida, como hieróglifos do Invisível. Essa linguagem concreta e trabalhada de emblemas é a única da qual a Verdade pode se servir para se expressar pelo intermédio do Astral.

No modo passivo, o alto Êxtase comporta também dois degraus: - 1ï Comunicação com a Natureza-essência, na Luz de glória; - 2ï com o Espírito puro.

Quanto ao êxtase passivo astral ou inferior, ele não é outro senão a lucidez, seja natural, seja magnética. Diante do diáfano do sujeito visionário se sucedem as imagens, as formas, os reflexos, os fantasmas que giram a torrente fluídica; mas só a ciência oculta pode aprender a distinguir a irradiação essencial do reflexo ilusório, de modo que se saiba eliminar esse último, para reter aquele lá. O perigo está em evocar sem o saber miragens errantes adequadas a seus pensamentos costumeiros, e encontrar por conseguinte, em uma visão tida como celeste, a eloqüente confirmação, - dizemos melhor a tradução fiel - do verbo interior de sua fé ou de seus desejos. O êxtase passivo ou inferior enganou muitas pessoas e fez muitas vítimas; a maior parte das visões beatíficas lhe são expressamente atribuídas.

O que importa antes de tudo ao adepto, é chegar a se colocar em comunicação espiritual com a Unidade divina; é cultivar um dos degraus do Êxtase ativo e aprender a fazer falar dentro de si, vil átomo, a voz reveladora do Universal, do Absoluto...

É, pois, possível ao relativo compreender o Absoluto? - Não, sem dúvida; mas sim de assentir, unindo-se a Ele... Um fragmento de espelho convexo não reflete todo o Céu? Toda a grande voz do Oceano não canta no oco da mais humilde concha, a quem teve a fortuna (diz a Lenda) de experimentar, fosse por uma hora, seu imenso e sonoro beijo?
Assim, o Êxtase deixa a alma extasiada (que seja por apenas uma hora) pela impregnação do infinito, a noção vivida do Absoluto, - o murmúrio inesgotável do Eu Revelador, que contém todos os Eus sem estar contido em nenhum. Que fruições! Retemperar sua vida individual no oceano coletivo da Vida incondicionada, ou aspirar a seiva espiritual no mesmo Espírito puro, - e alimentar-se dele! É uma decisiva iniciação: uma janela aberta sobre a imensidão da Luz intelígivel e do Amor divino, da verdade celeste e do belo típico.

Reencontrar o caminho do primitivo Éden!... Muitos passam ao lado da porta que comanda essa senda, sem mesmo perceber essa porta; ou, vendo-a não se dignam a bater. Talvez mesmo tal curioso ali bata, que não seja para fazer ressoar o umbral dos três golpes místicos: ele bate profanamente e ela não lhe será aberta.
Cristo disse: - Petite et Accipietis; pulsate et aperietur vobis; mas disse também: Multi vocati, pauci vero electi. - Como conciliar esses dois textos? Ah! é que algumas vezes aqueles que batem à porta não foram ainda chamados; seguidamente aqueles que são chamados ali não batem, ou mais seguidamente, batem mal.
Se, pois, aspiras tornar-te um adepto, evoca o Revelador que reside no último tabernáculo de todo ser; impõe ao Eu o mais religioso silêncio, afim de que o Eu coletivo possa se fazer ouvir, - e então, te refugiando no mais profundo de tua inteligência, escuta falar o Universal, o Impessoal, o que os gnósticos denominam o Abismo...

Mas é preciso estar preparado, - e é o papel do iniciador humano observar esses preliminares, - na falta do qual o abismo não tem senão uma voz para aquele que o evoca despropositadamente, voz terrível que tem o nome de Vertigem.
Em resumo, este é um grande e sublime arcano: Ninguém pode aperfeiçoar sua iniciação senão pela revelação direta do Espírito universal, que é a voz que fala ao interior.
Ele é o Mestre único, o indispensável Guru das supremas iniciações. Conhecemos as diversas maneiras de entrar em contato com Ele: de procurá-lo, - de fazê-lo vir, - de deixá-lo vir, - de se dar a Ele, - ou de tomar parte em Sua soberania ( ).

** Guaita, Stanislas: “La clef de la magie noir”, cap 2.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Proposta para uma "Cadeia" de cura coletiva

PROPOSTA PARA UMA “CADEIA” DE CURA COLETIVA**

1. Meditação
2. Salmos (podemos escolher alguns – três ?- ligados à cura)
3. Pense reverentemente e concentradamente em Cristo como o Grande Curador do Universo. Procure aproximar-se dele e tornar-se um canal de sua Graça Curadora.
4. Digam : “Possa a força curadora do Senhor Cristo descer sobre.......... ( visualizar a descida da força). Possam os santos anjos circunda-los. Possa a luz do amor do cristo envolve-lo para sempre.
5. Oração pessoal e concentração na descida da força curadora (mínimo de 30 minutos)
6. Agradecimento.

** Este pequeno ritual foi adaptado do constante no livro "O Homem, na saúde e na doença" (RS, edt FEUU, 1987) de Geoffrey Hodson


Aviso aos imprudentes!
É um compromisso muito grave se comprometer a Orar por outra (s) pessoa(s), e depois esquecer , este ato é uma falta com conseqüências espirituais graves e sérias, como nos diz M. Philippe de Lyon:

"É coisa grave o prometer a alguém que se orará por ele. Fica-se ligado, é preciso faze-lo, até tirando do próprio sono se for preciso" .

Sevananda Swami explica que quando nos comprometemos a orar por alguém ficamos presos a esta(s) pessoa(s) pelos seguintes motivos:
1. moralmente pela palavra dada ao pedinte e à nossa consciência;
2. às testemunhas da promessa: visíveis e invisíveis (incluindo nosso Anjo e o da pessoa necessitada);
3. e animicamente, pela identificação com o doente.

Na realidade, quando oramos por alguém, alguns laços são estabelecidos:
1. por uma questão de humanidade, somos uma única família;
2. pela consciência, que agora temos, da dor do próximo;
3. UM OUTRO laço consciente e voluntário relativo a nossa promessa de oração.

Assim quando oramos pelos outros pode ocorrer, além da cura solicitada:

1. Transferência das penas e dores dos doentes para nós, como ajuda para aliviar seu Karma e pagar o que pedimos [pelos outros];
2. Sérios problemas, de todo tipo e ordem, para quem esquecer das Orações prometidas.

DESTE MODO é melhor MEDITAR BASTANTE antes de assumir qualquer tipo de compromisso com Grupos de Orações ou pedidos individuais de cura, pois, apesar da boa vontade, podemos simplesmente, AUMENTAR, CONSCIENTEMENTE, NOSSO KARMA PESSOAL

Perdão, Cura e Iniciação
Dizia o Cristo: " Perdoa-nos as nossas dívidas como perdoamos aos nossos devedores.....", desta forma, muitas das vezes, a cura de um mal esta ligado ao perdão, que ilimina rancores, medos e raivas e vinganças.

" Nas alturas da Divina Consciência, ninguém pode pensar em ódio e ausência de perdão. Quando aguém se entrega a tais pensamentos, acha-se nos planos inferiores da mente e não no plano do Espírito.
Aí estabelece um CENTRO POSITIVO DE ÓDIO E RESISTÊNCIA NA CONSCIÊNCIA. Isto fecha o canal de penetração do poder divino no pensamento, impedindo-o de ser receptivo a Deus. Quando ama seu próximo ou seu inimigo, harmoniza-se com Deus e o canal se abre.
O poder iluminador do amor então flui, acalentando, purificando, limpando, iluminando e fortificando sua alma, mente e corpo. Fluindo por meio dele correntes que neutralizam o erro manifestado no exterir, dissolvendo-se e transmutando sua força emm atividade para o bem."
" Este trecho é a mais admirável expressão da verdade. Enquanto alguém deixa de perdoar a outrem, acha-se na CONSCIÊNCIA DUAL, que admite a possibilidade de ter-lhe feito mal. Neste estado mental, está sob a lei que traz a reação do mal e conserva-se em dúvida da mesma forma que não perdoa aos outros."