sábado, 28 de janeiro de 2017

EGIPTOLOGIA E OCULTISMO

            EGIPTOLOGIA E OCULTISMO                                     
                                                       Por Papus**

Champollion e seus discípulos encontraram muitos adversários de seu sistema e, coisa curiosa, estes adversários eram sempre ocultistas. Isto se explica facilmente.

A escola de Champollion, formada de analistas, freqüentemente geniais, se encastelaram no estudo dos textos. Os egiptólogos negligenciaram as pesquisas auxiliares concernentes a astrologia e a magia que são indispensáveis à compreensão verdadeira dos textos egípcios.

Mas, sob a influência dos trabalhos de A Gayet e dos egiptólogos do museu Guimet, as duas escolas tendem à uma reconciliação esclarecedora. Outrora Goulianof e Briére, versados no esoterismo egípcio, se levantaram com veemência contra a infantilidade das traduções de Champollion.

Encontramos hoje nas obras de M. A Moret, conservador-adjunto do museu Guimet, uma série de estudos de primeira ordem sobre a magia dos egípcios e o livro dos mortos, assim como sobre os mistérios de Ísis.

Estes estudos, assim como as pesquisas de A Gayet (a adivinhação no antigo Egito), ainda mais próximos dos verdadeiros ensinamentos esotéricos, mostram o caminho aos egiptólogos de futuro.

Sem estudar a língua hieroglífica, o ocultista não tem como realizar pesquisas aprofundadas sobre o simbolismo.

Mas, sem estudar a astrologia, a magia e a alquimia, o Egiptólogo torna-se um cego para a tradução exata de uma série de textos ou, melhor, para a sua interpretação e compreensão.

Aqui, como para o estudo de Platão ou Homero, Apulei ou Virgílio, os conhecimentos tradicionais do hermetismo são indispensáveis.                 

Assim o grande segredo dos Mistérios de Ísis (ou de Prosérpina) seria o desdobramento consciente do "Duplo" durante a vida, com visita ao plano dos mortos e dos "Astros Deuses". Apuleio nos deixa entrever este mistério,  somente compreensível para "aqueles que sabem", segundo a linguagem hermética. Ora os egiptólogos, admiráveis sábios em certo sentido não são "aqueles que conhecem" os mistérios. O momento está próximo quando estas inteligências orientarão seus estudos para estes pontos ainda obscuros, e todo o mundo sairá ganhando com esta mudança de mentalidade.



Estaremos, de fato, neste momento, livres destes falsos egiptólogos que "inventam" os mistérios, como Boulage e outros, e semeiam nas almas crédulas uma série de erros bem difíceis de serem eliminados rapidamente.

Nós aguardamos com todos nossos votos o momento onde os homens de ciência como Gayet ou Moret dirigirão seus esforços para adaptar à suas pesquisas técnicas os ensinamentos gerais de ocultismo.

Estas pesquisas renderão, por outro lado, justiça aos ocultistas, mostrando que estes são muito mais do que tiradores de sorte ou quiromanceiros sectários. Não temos a intenção, dizendo isto, de rebaixar os seguidores do Bateleur (o mago) do Tarot: isto seria ridículo e ingrato. Mas este Bateleur é justamente um "Dwidja", um "Escriba de dupla vida", e nos gostaríamos de ver reconhecido pelo seu verdadeiro aspecto pelo pesquisador das Academias clássicas.


Eis porque daremos algumas analises das idéias dos adversários de Champollion e algumas idéias derivadas do estudo esotérico de egiptologia. Verão, deste modo, que procuramos fazer algo além de um resumo seco dos alfabetos da língua egípcia. 


** Retirado do livro : Papus: Primeiros Elementos da Língua Egípicia (Caracteres hieroglíficos). Erechim, AllPrint/Casa da Vida Khepri , 2016. Págs 41 - 43. (http://khepri.org.br). 


                           

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