sábado, 14 de março de 2015

Ensinamentos Martinistas de Swami Sevananda



                                                   A REALIZAÇÃO
                                                                          Por Sevananda Swami

Antes de entrar nos pormenores do ensinamento que pode levar à Realização, procuremos ver o que seja ela. O primeiro que se há de observar é que tudo o que tem valor na vida é subjetivo. Em outras palavras: tudo que é visível, como: dinheiro, obras de arte, edifícios, aparelhos etc., somente tem valor real, isto é, existe, por ser a representação, a expressão, o fruto, a manifestação de uma idéia. Nisso não há nem pode haver discordância.


Porém, se vamos à aplicação, isto é, à utilidade das ditas coisas materiais, veremos que têm por finalidade produzir determinados efeitos, que parecem mais ou menos tangíveis, como por exemplo, conforto ou comodidade física, saúde do corpo, bem estar mental, emoção estética. Tudo o que, em última análise, corresponde sempre à obtenção de determinados modos do PENSAR ou do SENTIR humanos, que são estados subjetivos.


Assim, quando dizemos de alguém que é uma boa pessoa, não nos referimos a nada da sua aparência, nem aos seus bens materiais nem de suas aptidões técnicas.
Dizemos, sim, que seu conteúdo moral ou espiritual é tal que não se pode esperar "mal" dessa pessoa. Em outras palavras, quando falamos de pessoas cultas, boas, honestas, dignas, santas ou geniais, não fazemos mais do que reconhecer a existência de valores subjetivos, que é o mesmo.


Por outro lado, é evidente que toda a existência, ainda no mais banal do viver diário, é pura subjetividade, atuante sob a aparência do objetivo, isto é, o jogo das mentes e das emoções que, em mil combinações, fazem a atividade do empregado, do chefe, do ator, do funcionário, dos pais, professores, alunos etc., tudo sempre encaminhado a conseguir exclusivamente RESULTADOS SUBJETIVOS, cujas manifestações ou resultâncias objetivas aceitamos, ou procuramos provocar, mas de qualquer modo terão que ser sempre manifestação externa da vida real, que é a vida interna do ser. Portanto, quando alguém termina a sua vida, em realidade viveu algo completamente subjetivo. Pensou, atuou, amou, sofreu, estudou, meditou, orou, serviu, em proporções e modos variados. Porém, seja como tenha sido a sua vida, foi ISSO: O Subjetivo. A aparência com a qual o conhecemos, os vários aspectos dele: jovem, velho, bem ou mal vestido, em pé ou deitado, vivo ou morto, são somente os ASPECTOS.


Sua vida, nossa vida, a vida de todos é, pois, feita somente de coisa subjetiva, feita de vivência interior, sem a qual seríamos "máquina 100%".

Expresso-o assim porque nos devemos dar conta, desde já, de alguns pontos essenciais, para evitar a perda totalmente inútil de tempo e de palavras:

1) É de capital importância dar-se conta de que a VIDA é puramente subjetiva, interna, espiritual, pois sem isso é impossível conceber uma realização. Em outras palavras, se a vida não fosse REALMENTE SUBJETIVA, toda realização imaginável seria MATERIAL em alguma proporção, e seria então desprezível e sujeita a mudanças, a condições de lugar, tempo, riqueza, frio, calor etc., como tudo que é físico. Ou seria puramente material, vale dizer que, como acreditam muitos aparentemente, a única realização é conseguir: dinheiro, posição, distinções externas e um concorrido enterro ao final de uma vida de banquetes, promoções, discursos e cheques. Portanto, ou bem a REALIZAÇÃO é plenamente espiritual em sua essência, ou não é possível.

2) A REALIZAÇÃO, para ser tal, deve preencher condições fundamentais, como: ser acessível a todos em possibilidade, sem o que não seria de índole justiceira; ser possível em todos os tempos, climas, raças e, dentro das limitações de preparação, a todas as idades, se considerar-se uma só existência.
Deve outorgar aos que a alcancem aquilo que redime o ser humano dos seus males fundamentais, que são: medo à pobreza, à doença e á morte. Medo à instabilidade do circunstancial: que são os afetos, as posições, as situações, as aparências de progresso pessoal. Medo à instabilidade da própria fé, á dúvida e a mil coisas, à série jamais interrompida de interrogantes que a vida, os seres e nós mesmos nos planteamos a cada momento.

3) Em conclusão, A REALIZAÇÃO deve dar ao que a alcance uma firmeza que, para ser estável, deve ter como base mínima estas condições:
a) Verificação da existência da própria Individualidade Espiritual.
b) Verificação da existência de um Mundo Espiritual tão palpável e organizado, quanto o são ou parecem ser os seres e coisas externas.
c) Contato pessoal e reiterável com tais fomes ou fonte de luz e de vida eterna; ou, pelo menos, de vida muito superior à física, corrente.
d) Harmonização do ser em novas condições de vida, cujas bases sejam felicidade, tranqüilidade, equanimidade e segurança, estáveis, aconteça o que acontecer ao seu redor.

CONDIÇÕES GERAIS DA REALIZAÇÃO

A posição do ser humano perante este problema é muito variável. Uns estão completamente indiferentes a tal inquietude; para eles somente é válido o concreto, o positivo ou prático (como eles o expressam). Deles pode-se e deve-se dizer que dão, voluntariamente, as costas à Realização. Veremos mais tarde a posição real.

Outros, pelo contrário, pareceriam que apenas ao ouvir falar sobre o tema, desejariam e chegam às vezes a expressá-lo de maneira que seria cômica, se não fosse dolorosa para eles - que se lhes enviasse "à volta do correio": saúde, felicidade, compreensão e comunhão com a própria Divindade, a qual citam com toda simplicidade, pedindo que se lhes facilite "realizar a Deus", como milhares de outras vezes teriam pedido solução para um detalhe da vida diária!

Ante tal contraste, usando-o como exemplo, temos que colocar esta primeira questão: deve- se ou não interessar a todos os seres pela Realização, ou deve- se esperar até que eles mesmos venham a ela. A segunda questão seria a de saber se todos eles podem realmente acercar-se a Realização, em tempos iguais. A terceira seria a de saber se os seres humanos "ganham" efetivamente algo ao alcançar ou buscar tal Realização, ou se como acreditam alguns - é melhor "permanecer tranqüilo em sua casa", seguindo a vida como estão habituados.
A verdade é muitas vezes dura. Neste caso o é mais ainda, porque se trata do fato mais importante da vida humana. Entretanto, por mais dura que seja ou pareça, precisamos dizê-la. Pois sem ela não é possível que o ensinamento seja entendido.

Quase todo mundo admite hoje que a era de progresso técnico que floresceu no Ocidente, no que se refere a este século principalmente, não nos tem conduzido a nada de bom. Os valores monetários, os modos administrativos ou governamentais, as normas familiares, os hábitos regionais e as normas tradicionais, tanto éticas quanto religiosas, morais como sociais, têm-se tornado cada vez mais instável.

Desde o famoso assunto de Agadir (1905), já não houve mais paz neste mundo.
Levamos, pois, meio século de lutas quase sem interrupção, pois todo mundo segue fazendo a guerra, uma vez que ninguém vive em paz, nem consigo mesmo nem com os vizinhos ou parentes; nem faz nada para ser, consciente e metodicamente, um construtor da Paz.
Pois bem. Assim são as coisas em todas as demais ordena. As coisas não andam melhor porque quase todos se queixam de como andam, mas porque quase ninguém faz algo para que melhorem. As condições gerais de Realização serão, pois, as que resultam no SITUAR-SE, isto é, de admitir as incontrovertíveis verdades coletivas que resultam do estudo da humanidade atual. As particulares serão a adaptação, como veremos.

O SONO DA ROTINA

O primeiro e maior obstáculo a toda e qualquer realização espiritual é que quase todo mundo dorme. Há anos que ensino isto e encontrei muito poucos que tiveram real interesse em serem despertados. E, segundo me consta da experiência de outro Mestre do qual Ihes falarei a seu tempo (Georges Gurjieff, cujo Discípulo mais conhecido foi P. D. Ouspensky), tampouco ele, não obstante a sua envergadura que tanto ultrapassa a minha, foi mais feliz neste sentido. E esta seria a primeira resposta a uma das três questões anteriores: fica evidenciado que não se pode falar da realização a todo mundo, porque muitos seres não querem e outros não podem se acercar a ela.

E não podem porque dormem. Dormem totalmente, ainda que o ignorem e muito se aborreceriam se alguém lhes dissesse. Ou, como verifiquei muitas vezes, não compreendem, riem-se e seguem dormindo. "Mas de que sono o senhor nos está falando?" - perguntou o leitor.

Vamos a isto. O ser humano acreditava até não muito tempo em dois estados: sono e vigília. E, quando não dormia - no sentido corrente que, esta palavra tem - acreditava estar bem acordado. Mais tarde admitiu-se que havia outros tipos de sono: sono com sonhos e sem eles; sono magnético, sono hipnótico, sono letárgico, sono anestésico. E vão seis!

Pois bem. O ser humano terá que aceitar por pouco que se importe, que há muitos outros estados de sono. É, por exemplo, um deles, o do que olha, ouve e não entende, como ocorrem todos os dias: o corpo está desperto, porém a mente está semi - adormecida, para poder ausentar- se por lugares ou fatos que lhe interessam mais do que aquele no qual se encontra! O que se habituou chamar de "distração" não é em realidade senão um sono que, a sua vez, tem cem modalidades e graus de intensidade. Mas há um tipo de sono mais notável ainda. É o dos robôs e autômatos de cada dia!

Um escritor fez, com certo humor, a descrição de um boneco que podia conversar em qualquer lugar: rua, escritório ou salão, pois tinha no seu interior cerca de duzentos "rolos", tipo "pianola" antiga, que lhe permitiam responder a qualquer pergunta, dado que as pessoas dizem sempre a mesma coisa sobre os mesmos temas.

Muito antes de ler essa novela, isto é, em minha juventude, eu já tinha chegado a esta mesma conclusão e visto que de cem pessoas, "noventa e tantas", ao receber o estímulo de uma frase qualquer - afirmativa ou interrogativa - sobre qualquer assunto, reagem com lugares comuns, de acordo com o que está escrito no jornal da manhã, da tarde ou na última revista etc. Para encontrar um conceito "PRÓPRIO" (certo ou errado, pouco importaria. . .) que prove que a pessoa pensou com sua própria cabeça, é preciso procurar muito.

O mesmo ocorre em quase todas as demais ordens da vida. As pessoas levantam-se, vestem-se, comem, trabalham, voltam a comer, deitar e levantar. Encerram-se assim cinco ou seis ciclos diários. O especial ritmo do domingo ou do feriado instala-se há seu tempo com a precisão de uma peça intercambiável. E os que trabalham organizam (?) sua vida diária com a mesma rotina, com a mesma falta profunda de originalidade, de sentido criador, de inquietude construtiva etc.

Resumindo: a vida tem-se transformado numa imensa rotina. E a velocidade tão louvada do viver atual quase obriga a mais e mais rotina. São 18 minutos para almoçar, se tomará o mesmo meio de locomoção e se responderá sempre do mesmo modo à mesma pergunta, pelo mesmo telefone, à mesma pessoa, que pergunta ou deseja a mesma coisa e se for possível, ao mesmo preço, único fator que não está incluído na rotina visível, mas está na outra rotina: dos aumentos periódicos de preços, ou relacionados com outros fatos rotineiros também.

E a mesma rotina faz impor: à criança uma vida padronizada, à professora ídem, e ainda sacerdotes e instrutores atuam com o tempo contado, o modo medido, a atuação estereotipada. E assim segue a fabricação de gerações cada vez mais padronizadas, cada vez menos originais, e nas quais o único lucro é um pouco de sentido coletivo.

Quase todas as pessoas têm noções gerais e superficiais de tudo; falam e falam muito mais do que necessário, baseados no que viram e ouviram na televisão. Qualquer pessoa opina sobre economia política, sobre religião, sobre filosofia e sobre arte, com uma ilustração de superfície, informada em fontes superficiais também.
Cada um se outorga a si mesmo uma condição em cada modalidade. São, por exemplo, católicos, democratas, liberais e cultos, conforme a definição que dão, sem que ninguém lhes peça.

Mas se observamo-los um pouco, descobriremos que nem praticam sua religião nem cumprem os preceitos cristãos; que burlam o quanto podem as leis, decretos e fiscalização, nesta mesma democracia que pretendem admirar e defender; que sua liberalidade termina onde começa o seu interesse, e sua liberdade mental termina quando surgem os prejuízos e o temor ao que dirão; que sua cultura é padronizada, que já esqueceram o básico do que estudaram e que, apesar de se envergonharem de carregar embrulho pela rua, seu progresso no que diz respeito à educação não vai até oferecerem o lugar em um coletivo nem deixarem de se acotovelar nas filas!

Surpreendem-se de não poderem acercar-se a REALIZAÇÃO, o que nos surpreenderia seria se conseguissem se acercar a ela, sem deixar antes sua rotina feita de mil defeitos, de mil teimosias, de mil indiferenças e, resumindo, de um enorme egocentrismo e uma total indiferença pelo alheio, o elevado e o desinteressado.

Eu sei que este quadro está um tanto exagerado. Mas não nos esqueçamos que o ensinamento tem por finalidade PROCURAR despertar os "que podem ser despertados", e não conheço despertador silencioso! Por outro lado, o que a pessoa que lê isto tenha de bom ou já desperto, ou em vias de realização, não será molestado por estas observações, que não têm caráter de crítica, mas apenas de diagnóstico diferencial. É necessário que o que dorme reconheça que assim está. E que decida por si mesmo se prefere seguir em seu "tranqüilo" sono ou se o atrai o despertar, com todos os incômodos que possa causar ao homem de rotina! Este é o significado do sono geral. Fiz muitas vezes a experiência com os dormidos. Faço-o ainda todos os dias, com muito pesar. Nada mais fácil que dar às pessoas a oportunidade de ouvirem alguma coisa espiritual, algo sutil, de fazê-las escutarem um fato ou uma definição relativa à REALIDADE. Geralmente o resultado é clássico: mal terminada a frase ou a ação de alguém, o dormido segue tranqüilamente com o que fazia ou falava antes. Não viu, sentiu, ouviu, compreendeu nem desejou nada.

Está encerrado dentro de sua rotina como o pintinho dentro da casca do ovo.

Sonha que vive. E a reiteração de tal sono convenceu-o, há tempos, de que assim é. E não deseja sair de um estado no qual pode seguir pensando PRINCIPALMENTE em si mesmo como pessoa visível. Portanto, não se os pode despertar a força, pois suas reações contra tais tentativas são más, tanto para eles quanto para os que os rodeiam. Não há outro remédio que os deixar em sua rotina e, no possível, os ajudar quando algo de grave - em qualquer modo - acontecer-lhes.

OS INQUIETOS

Dentro da enorme massa que compõe esta humanidade visível existem milhões de inquietos. Isto é, que têm dentro de si uma inquietude que os leva a não aceitarem exclusivamente a rotina. Já não dormem totalmente nem de modo contínuo. Têm veleidades ou momentos de despertar, ou, pelo menos, desejo de fazê-la. Qualquer coisa que não seja a vivência banal para pagar o sustento ou a escalada profissional ou social lhes estimula.

Aqui é, talvez, onde o querido Oriente não tenha a visão tão ampla como o Ocidente. Com isto quero dizer que os Sábios ou Iluminados do Oriente têm dado às vias de realização ou de preparação denominações que, sob uma ou outra terminologia, concluem sempre nos seguintes três aspectos: Ação, Conhecimento, Sabedoria. E consideravam a "Ioga, ou União, ou Síntese ou Realização" como um quaternário equilibrante.

Não é meu desejo nem minha finalidade fazer aqui uma análise - que eu poderia fazer facilmente - das causas de tal modo de ser das conclusões das mais conhecidas doutrinas do Oriente. Acima de todas as coisas, o que interessa é o fundamental e evito terminologias de tal ou qual escola, ao menos enquanto trato da REALIZAÇÃO como assunto geral.

Quando falarmos dos treinamentos que não são A Realização, senão apenas preparação a ela, teremos tempo para ver os modos, todos interessantes, necessários muitos, úteis cada um deles, para distintas pessoas.

O fato é que, se observamos os Inquietos, veremos que, ao nascer tal inquietude, ela se dirige para um destes quatro rumos:

SABER - (compreender, analisar', catalogar, comparar, sintetizar, aplicar, etc.)

CRER - (obedecer, amar, respeitar, pedir, venerar, superar-se, humilhar-se).

ATUAR - (orientar, decretar, aplicar, modificar, transformar, melhorar etc.)

CRIAR - (incluir, captar, conceber, plasmar, expressar, traduzir, transmitir).

Os significados que anotei entre parentes não são os únicos nem são os mais importantes talvez. Mas são típicas de cada umas das vias que o Inquieto segue. E são, outra vez, QUATRO FACES da eterna Pirâmide.

São: CIÊNCIA - RELIGIÃO - FILOSOFIA - ARTE. E é bem certo que ninguém alcançará a Realização sem haver equilibrado dentro de si estes aspectos. Tão certo é, como é certo também que há, às vezes, aparentes realizações em um ou mais modos, sem que os quatro estejam unidos. Mas então são realizações parciais. São a: iluminação MENTAL do sábio, são o êxtase DEVOCIONAL do adorador, são o sacrifício IDEAL do paladino, são o gesto INSPIRADO do gênio, mas são, por isso mesmo, um ou mais aspectos DA REALIZAÇÃO, sem ser ela mesma. Ela que, como a Flor, é sabedoria, beleza, utilidade, perfume e som: VIDA!

Portanto, o Inquieto manifesta seu momento evolutivo e seu modo de despertar por meio da escolha que faz de uma destas vias; e dá a norma da sua amplidão, ao poder ou não acrescentar uma ou outras destas vias.

Por isso, desde o ponto de vista do ensinamento, é preciso considerar que todo ser humano que possui alguma possibilidade efetiva (não falemos dos esforços mecânicos para obter o domínio rotineiro de qualquer aspecto científico, artístico ou outro, para fins puramente profissionais!) de ordem criadora, de modo inquieto, para promover a própria superação no exclusivo afã de ser melhor, ou de servir mais, ou de estar mais afinado com a Lei natural ou divina, ou para captar e dar mais beleza; dizíamos, todo ser humano que reúna tal condição deverá ser considerado INQUIETO, é dizer, alguém que está sendo despertado que o deseja ser, que, em algum modo e via, lentamente se acerca A REALIZAÇÃO.

Retirado do livro:  “Yo que Caminé por el Mundo” , Córdoba, Edt Selva, 1951 (Tradução: O Homem, esse conhecido, BH, editora Vinte e Dois, 1986; págs 21 à 36).

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