Egrégoras,
uma breve introdução
Por Pseudo-Sedir
“Cada coletivo humano, do menor: família, pequenas
associações, aos maiores: povo ou agrupamentos de povos, possuem sua Egrégora,
existe mesmo a Egrégora de uma época determinada que, em certo grau, torna-se
uma Egrégora histórica...”
Serge
Marcoutoune
Introdução:
Podemos conceituar as Egrégoras como
entidades autônomas, formadas pela persistência e intensidade das correntes
mentais emitidas por comunidade, associação ou fraternidade, independentes de
suas intenções ou finalidades. O vocábulo “egrégoro”, de origem grega,
significa: aquele que vigia, que cuida, ou
seja, um protetor e mantenedor de algum tipo de grupo ou coletividade (1).
Nascimento
da Egrégora:
Para entendermos melhor a questão das Egrégoras
devemos sempre ter em mente o caráter de movimento vibratório constante e
contínuo do plano astral, onde estes seres atuam e são formados. É a condição
plástica e maleável do plano astral que permite a formação, vitalização e
configuração das formas exteriores das Egrégoras.
O plano astral é povoado por inúmeras criaturas, das
mais variadas espécies e procedências, entre estas encontramos as chamadas “formas-pensamentos”
ou “idéias-forças”, que nada mais são que os resultados dos pensamentos,
desejos e emoções dos seres humanos encarnados no planeta Terra.
As “idéias-forças”
possuem cores e formas, variando segundo a natureza e a intenção do seu
emitente. Inicialmente, estas formas ficam presas ao seu emissor e podem arrastá-lo
por uma série de choques de natureza emocional ou mesmo kármica; Com o tempo estas formas desprendem de seu
emissor, e tornam-se criaturas vivas e autônomas, mas geralmente de duração
efêmera.
Este mesmo processo ocorre quando um determinado grupo
de pessoas está reunido em torno de uma idéia ou doutrina, gerando um infinito
número de pequenos seres astrais que, por possuírem afinidades entre si, unem-se
formando uma unidade coletiva ou um grande ser astral, dando nascimento ao que
chamamos uma Egrégora, representada individualmente por seu gênio
(2), que a defenderá e guiará
enquanto sua finalidade primeira for mantida e seguida pelos membros do grupo.
A Egrégora é um ser tipicamente astral, pois seu
centro e seu eixo estão situados neste plano, embora a força para sua criação seja
externa e necessite de uma efetiva ligação com o mundo material e físico para a
manutenção de uma forma estável. No astral, estes seres enormes, refletem as
diferentes cores das múltiplas vibrações disponíveis com a força da emoção e da
paixão astral correspondente, concedendo-lhe, segundo Serge Marcoutoune, uma
imagem muito curiosa.
Uma Egrégora pode ser classificada como: morna,
espiritualizada, negativa e maléfica, conforme os objetivos e intenções dos
membros do grupo formador e mantenedor de sua vitalidade astral.
A Egrégora é alimentada pelas orações, rituais, mantras
e ladainhas de seu grupo formador. É desta maneira que nascem os deuses
protetores dos povos e nações. E é a qualidade e finalidade destas orações e
rituais o elemento determinante do tipo de Egrégora formada. Isto explica o
segredo de certos santuários de curas e milagres.
O grande perigo é quando uma Egrégora negativa
torna-se autônoma ou é abandonada com o fechamento do grupo ou religião
originária, ganhando, desta forma, uma vida independente que poderá torná-la um
verdadeiro demônio (3) para vampirizar e tiranizar seus crentes, na busca insaciável
por matéria astral para sua perpetuação como entidade livre, cuja existência,
está condicionada na manutenção de um ponto de apoio no plano físico. Aqui
entendemos a necessidade e a exigência
de sangue por parte de certas “entidades” ou “seres” em determinadas
religiões e seitas (4).
Entretanto, quando a finalidade do grupo é de ordem
espiritual autentica, esta Egrégora pode ser animada e vitalizada, também, por
um Ser superior ou Gênio que passará a orientar e auxiliar este grupo. Esta
situação ocorre quando o ser-eixo do grupo é uma pessoa realmente dedicada e
eficaz em uma destas modalidades:
- pelo poder anímico do entusiasmo e da dedicação até
o heroísmo e a morte, se preciso for (perigo: fanatismo);
- ou pelo poder mental do conhecimento, do
discernimento e da eficiência intelectual, etc. (perigo: orgulho,
personalismo);
- ou pelo poder psíquico (perigo: unilateralidade)
- ou pelo poder da entrega, apoiada: ou na prece e na
fé; ou numa confiança sem complicações (perigo: dúvida e depressão) (5)
Outra condição importante é a postura dos demais
membros da Loja, grupo ou Fraternidade que deve estar pautada na amizade, fé,
harmonia, com ânimos desprovidos de conflitos, rixas, ódios e conspirações de
qualquer tipo ou natureza.
Nas condições descritas acima a Egrégora proporciona
ao representante desta Coletividade, todos os avisos, medidas preventivas,
defensivas e as mais diversas informações para a preservação do trabalho do
grupo. Mas como lembra Sevananda Swami, isto exige alguns sacrifícios
pessoais por parte do Ser-eixo, que vão desde os pequenos sofrimentos
físicos para resgatar os erros e defeitos dos membros do grupo até a eliminação
destes de seu seio.
Há ainda as chamadas “Egrégoras descedentes”, fruto direto da intervenção de um Mestre,
Anjo ou outro Ser espiritual que cria uma “Entidade” para apoiar um determinado
grupo por ele protegido e escolhido para atuar em sua Via de ação. Neste caso,
esta Egrégora é o canal pelo qual descerá a Graça Divina para este grupo ou
coletividade.
Por fim, há as Egrégoras das Cadeias Iniciáticas e das
Grandes Religiões que servem á Obra sacrificial de expiação do Filho de Deus
para salvar a humanidade. Estas não são controladas por gênios ou qualquer tipo
de Mestre, mas por Seres Reintegrados e pela Vontade divina. Estas Egrégoras
servem de apoio, inspiração e emanação de força e Graça para as demais
egrégoras espiritualistas ou de interesse dos planos cósmicos Superiores.
Morte da
Egrégora:
Uma Egrégora pode ser dissolvida nas seguintes hipóteses:
a) Quando o grupo termina, e devido à fraca atuação de
suas orações ou rituais, é dissolvida em um tempo relativamente curto;
b) Quando atinge o objetivo para qual foi criada.
c) Quando uma Egrégora é absolvida por outra de uma
nova religião mais forte e consistente.
d) Quando há uma guerra de Egrégora e uma destrói a
outra totalmente nesta batalha astral.
e) Quando é
destruída conscientemente pelos Mestres cósmicos.
Terminada a missão, conforme uma das razões acima, a
egrégora dissolve-se e perde completamente sua individualidade e o Gênio, quando existe, retorna aos planos superiores, onde novas
tarefas o aguardam.
Conclusão:
Diante do relatado cabe, aos verdadeiros
espiritualistas, controlarem seus pensamentos para não criarem monstros astrais
de perigosas e incalculáveis conseqüências e aos grupos Iniciáticos praticarem
seus rituais dentro do maior espírito de entrega e seriedade possível para
propiciar a criação de verdadeiros Anjos da luz, veículos da vontade e
aspiração dos seres Regenerados e Reintegrados ao nosso Divino Criador.
Notas:
1. O termo “Egrégoro” é citado originalmente no “Livro
de Enoch”, e foi difundido por Eliphas
Levi, mas com uma interpretação equivocada de seu sentido original. Vide:
Guenon e Sevananda.
2. Sobre esta interessante questão dos Gênios veja: “Lês
genies dês grandes egrégores, dês planetes, dês peuples et dês sephirot” in
Marcoutoune, op. cit, cap 5.
3. Reneé Guénon, embora não aceite ou trabalhe com o
conceito de egrégora conforme exposto neste estudo, fala da força perniciosa
das chamadas “influências errantes”, verdadeiros
turbilhões que arrastam todos os incautos em sua esfera asfixiante e maléfica.
4. Vide: Cap XXVII (resíduos psíquicos) do “Reino da
Quantidade”, onde Guenon explica a permanência de resíduos deletérios em
túmulos, civilizações desaparecidas, lugares santos desvirtuados, e suas
influências maléficas no presente.
5. Sevananda, op. cit., pág 79
Bibliografia:
* Portela, Hernani: Egrégoras, jornal diário de
São Paulo (11/06/1961)
* Sevananda
Swami: O Mestre Philippe de Lyon, vol III
* Marcoutoune,
Sérgie: La Voie Iniciatique, la pratique de la Vie initiatique, Paris,
Librairie Honoré Champion, 1956
* Guénon, René:
Initiation et Réalisation Spirituelle, Paris, Edts Traditionnelles.
Isso deixa claro a importância de escolhermos bem e com consciência a via ser seguida e a responsabilidade que um líder ou mestre tem, ou deveria ter, com seu grupo e com a energia que movimenta e direciona.
ResponderExcluirPseudo Sedir, obrigado por compartilhar um trabalho tão valioso e esclarecedor.
Nós é que agradecemos sua visita e comentário.
ResponderExcluirMas, é exatamente como escreveu, devemos selecionar bem o grupo a nos ligamos, tanto os de caráter espiritual quanto os de caráter profano.
Muita Paz!
PSedir
Lindo, excelente texto, muito ilustrativo! Obrigado por este conteúdo, bem como pela diligência na manutenção deste Blog!
ResponderExcluirQue os Mestres Cósmicos velem sempre pela sua paz, amor, harmonia e saúde!
Paz e Luz!
Esplendido texto, muito grato por compartilhar esse presente.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito grato pelo incentivo Adriano!!! TFA
ExcluirMeu digno Ir.'., parabéns pelo excelente texto. Fico refletindo sobre o Catolicismo, o qual criou uma egregora poderosíssima com o amor e culto a Jesus e a Virgem Maria. Mas e o temor do diabo, isso não cria uma egregora maléfica? E as exteriorizacoes e materializacoes da egregora, como em Fátima e em Lourdes? E sobre o alegado aparecimento do Sr Buda nos festivais de Cesar? Bom, falei muito. Agora, quero ouvir. T.'.F.'.A.'. Ilton
ResponderExcluirDígno Irmão,
ExcluirNão acredito que o temor ao diabo tenha criado uma Egrégora negativa, pois para esta criação é necessário esforça, constância e vontade.
Fatima, Lourdes e o Buda cabem nas explicações dadas no textos. Mas, não podemos esquecer que há mistérios que nossa mente tri-dimensional não explica.
Grato pelos comentários!
Muita Paz!!!