Textos
de Ação
Por Robert
Ambelain*
Vimos no capítulo precedente que as letras e as palavras eram vivas. À esse aspecto não voltaremos. Lembremos simplesmente que a letra é a forma material do som, seu corpo. A palavra é o veículo, o invólucro corporal, a imagem, do pensamento. Concluímos que o pensamento é a alma da palavra, se esta é a manifestação. Dessa teoria nasce a crença nos textos dotados de uma virtude particular.
Assim como um texto
particular pode despertar em nós
idéias e sensações diversas, e por em ação os órgãos físicos de nosso corpo,
que estão em correspondência com essas sensações [erotismo, cólera, ciúme...],
da mesma maneira outras categorias de textos podem despertar em nós centros espirituais particulares, pondo em ação as
forças energéticas encerradas em nós em estado latente.
Ora, o Homem é um
microcosmo. O Homem-indivíduo é a imagem reduzida do Homem Arquétipo. O
Arquétipo é a imagem reduzida do Verbo. Concluímos pois que há correspondência
entre esses três mundos. Da mesma maneira que uma corda de violino pode vibrar
por simpatia com uma corda semelhante,
assim se acionamos o microcosmo, acionamos o macrocosmo em razão direta da
amplitude da força utilizada.
Para esse acionar das
Forças interiores, as religiões e as magias sempre utilizaram textos imutáveis, exprimindo o resultado
buscado, e que, pelo fato de sua
imutabilidade e de sua repetição secular, são textos vivos, compostos de
palavras vivas, verdadeiras egrégoras por sua vez.
A alma do texto, é o
que ele exprime, a ideias geral que dele vem. O corpo material, é a palavra que
o exprime. O duplo, o intermediário plástico, é o pensamento humano que
acompanha o Verbo.
Vê-se por essa rápida
exposição o grave inconveniente que pode haver em modificar as preces, as
invocações, seculares, as substituindo por adaptações mais ou menos felizes. Se
abandonam fórmulas vivas para adotar outras, desprovidas ainda de vida.
Os iniciados de todos
os tempos geralmente utilizaram os textos santos do país que lhes pertencia, ou
da nação que os hospedava. Na Índia, são os Vedas, os textos do Manú, no
Tibete, os Tantras, na China, o Tao, no Ocidente cristão se utilizam as
formulas da Gnose, as invocações tiradas das velhas "Clavículas"
cabalísticas ou mais simplesmente do Antigo e do Novo Testamento. Assim, são
particularmente utilizados: os Versículos do Gênese, os Salmos, O Evangelhos
segundo São João, o Apocalipse, ou os textos tirados das cerimônias católicas
[Ofício do Santo Espírito, Salmos de penitência, etc...].
Essa retificação era
necessária para a boa compreensão das regras que serviram para elaborar os
rituais teúrgicos que seguem.
** Tradução
livre do livro : Robert Ambelain: “La Kabbale Pratique”, Paris, Edt Bussière,
1990.
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