EGIPTOLOGIA E OCULTISMO
Por Papus**
Champollion
e seus discípulos encontraram muitos adversários de seu sistema e, coisa
curiosa, estes adversários eram sempre ocultistas. Isto se explica facilmente.
A
escola de Champollion, formada de analistas, freqüentemente geniais, se
encastelaram no estudo dos textos. Os egiptólogos negligenciaram as pesquisas
auxiliares concernentes a astrologia e a magia que são indispensáveis à
compreensão verdadeira dos textos egípcios.
Mas,
sob a influência dos trabalhos de A Gayet e dos egiptólogos do museu Guimet, as
duas escolas tendem à uma reconciliação esclarecedora. Outrora Goulianof e
Briére, versados no esoterismo egípcio, se levantaram com veemência contra a
infantilidade das traduções de Champollion.
Encontramos
hoje nas obras de M. A Moret, conservador-adjunto do museu Guimet, uma série de
estudos de primeira ordem sobre a magia dos egípcios e o livro dos mortos,
assim como sobre os mistérios de Ísis.
Estes
estudos, assim como as pesquisas de A Gayet (a adivinhação no antigo Egito),
ainda mais próximos dos verdadeiros ensinamentos esotéricos, mostram o caminho
aos egiptólogos de futuro.
Sem
estudar a língua hieroglífica, o ocultista não tem como realizar pesquisas
aprofundadas sobre o simbolismo.
Mas,
sem estudar a astrologia, a magia e a alquimia, o Egiptólogo torna-se um cego
para a tradução exata de uma série de textos ou, melhor, para a sua
interpretação e compreensão.
Aqui,
como para o estudo de Platão ou Homero, Apulei ou Virgílio, os conhecimentos
tradicionais do hermetismo são indispensáveis.
Assim o
grande segredo dos Mistérios de Ísis (ou de Prosérpina) seria o desdobramento
consciente do "Duplo" durante a vida, com visita ao plano dos mortos
e dos "Astros Deuses". Apuleio nos deixa entrever este mistério, somente compreensível para "aqueles que
sabem", segundo a linguagem hermética. Ora os egiptólogos, admiráveis
sábios em certo sentido não são "aqueles que conhecem" os mistérios.
O momento está próximo quando estas inteligências orientarão seus estudos para
estes pontos ainda obscuros, e todo o mundo sairá ganhando com esta mudança de
mentalidade.
Estaremos,
de fato, neste momento, livres destes falsos egiptólogos que
"inventam" os mistérios, como Boulage e outros, e semeiam nas almas
crédulas uma série de erros bem difíceis de serem eliminados rapidamente.
Nós
aguardamos com todos nossos votos o momento onde os homens de ciência como
Gayet ou Moret dirigirão seus esforços para adaptar à suas pesquisas técnicas
os ensinamentos gerais de ocultismo.
Estas
pesquisas renderão, por outro lado, justiça aos ocultistas, mostrando que estes
são muito mais do que tiradores de sorte ou quiromanceiros sectários. Não temos
a intenção, dizendo isto, de rebaixar os seguidores do Bateleur (o mago) do
Tarot: isto seria ridículo e ingrato. Mas este Bateleur é justamente um
"Dwidja", um "Escriba de
dupla vida", e nos gostaríamos de ver reconhecido pelo seu verdadeiro
aspecto pelo pesquisador das Academias clássicas.
Eis
porque daremos algumas analises das idéias dos adversários de Champollion e
algumas idéias derivadas do estudo esotérico de egiptologia. Verão, deste modo, que
procuramos fazer algo além de um resumo seco dos alfabetos da língua egípcia.
** Retirado do livro : Papus: Primeiros Elementos da Língua Egípicia (Caracteres hieroglíficos). Erechim, AllPrint/Casa da Vida Khepri , 2016. Págs 41 - 43. (http://khepri.org.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário