BREVES ENSINAMENTOS DE PAUL SÈDIR ***
A Encarnação das Almas
"No
intervalo entre duas encarnações terrestres, o que, em nós, não pertence à
Terra atravessa o rio fronteiriço ao país das sombras, e faz um repouso durante
o qual as poeiras e os dejetos se depositam pouco a pouco. Todas as partes de
nosso ser se beneficiam dessa calma, pois em todas, mesmo nas mais materiais,
cintilam centelhas do Centro, sopros do Espírito as atravessam, raios da alma
divina as iluminam. Uma alquimia delicada e misteriosa regula essa operação. A
ossatura psíquica da individualidade permanece no estado ao qual os trabalhos
da existência que terminou a conduziram; enquanto os preconceitos, as
inutilidades, os erros se evaporam lentamente ao fogo de um sol secreto; pois a
alma, uma vez que foi engendrada do Verdadeiro, só aceita e assimila o
Verdadeiro."
A
Criança e as coisas do Céu
Quem
conversa com um outro fica responsável por esse ensinamento e pelas
consequências desse ensinamento, no coração, na inteligência e nos atos de seu
aluno, até a consumação dos séculos. Ensinar não é somente pronunciar palavras
que atingem o ouvido físico do auditor. Todos os centros internos que são
acionados no mestre durante sua aula falam a seus correspondentes no discípulo.
E é impossível ao homem falar somente com sua laringe e, ao falar, emitir
apenas ondas acústicas. Nós falamos simultaneamente com tudo o que, em nós, é
tocado pelo motivo afetivo que nos incita a falar. E vários tipos de ouvidos
recolhem as diversas espécies de palavras. Falamos também – e do modo mais vivo
– pelos nossos sentimentos tácitos, e sobretudo pelos nossos atos. A eloquência
do ato é grande, ela é terrível, se enumerarmos suas ramificações. Ora, quantas
vezes nossos motivos não são mais maus do que bons? E nossa responsabilidade
persiste até que a última onda do último ricochete executado pela pedra do ato
na superfície do oceano dos efeitos seja extinta. É por isso que sofremos por
tanto tempo às vezes para reparar um só minuto de pecado."
O
Discípulo na Tormenta
"Eis
aqui, além disso, se ouso assim me exprimir, uma pequena receita que creio ser
preciosa porque ela nos ajuda a precisar nosso esforço, a concentrar nossas
energias, porque ela reunirá nossos elãs esparsos e fixará nossa boa vontade
que tantos transtornos poderiam tornar indecisa. Eis a primeira regra: Não se
pôr nunca em cólera. E eis a segunda: Pôr-se sempre abaixo de todos. Vocês
compreenderão se vocês se lembrarem de que os últimos tempos não serão nada
mais do que uma cólera universal. O solo, as entranhas da terra, os oceanos, as
montanhas, as sementes das plantas, os animais, os homens, as nações, as
ideias, os seres invisíveis, tudo estará em fúria, todos se precipitarão uns
contra os outros, buscando se destruir. E, naturalmente, os vencedores ficarão
embriagados de orgulho, sem ver a precariedade de seus triunfos. Para
permanecerem ligados a Jesus, modelem seus corações à imagem de Seu coração,
tornem-se meigos e humildes. Nada do que existe neste mundo não vale nem sequer
um gesto de impaciência; nada do que se possui neste mundo não vale a pena de
um sorriso de orgulho, uma vez que tudo passa e que tudo é somente um
empréstimo.
"Nós
nos surpreendemos com o fato de que nossas preces não sejam atendidas; mas é
nossa falta; Deus não nos convidaria a rezar a Ele, se Ele não quisesse nos
ouvir. Ele nos diz para rezar com fé, e rezamos com dúvida; Jesus nos diz para
rezar com confiança, e rezamos com receio. Nós nos encerramos em um cantinho de
nosso casebre; separamos Deus, nosso pedido e nós mesmos. É preciso nos
abrirmos; é preciso abrir nosso coração tão alegremente que nossos braços se
abram também; é preciso erguer os olhos e direcionar nossos pobres rostos
fatigados aos sopros descidos das alturas. É preciso colocar todas as nossas
forças em feixe como os fuzis de um esquadrão de soldados; em maço, como as
espigas do bom ceifeiro; um belo maço bem dourado, todas as espigas de igual
altura, e amarrado no lugar certo, com uma trança sólida e maleável. É preciso
ser um para tocar a Unidade; é preciso se fazer um para comover o Unificador.
Dois ou três amigos que oram juntos, Jesus está com eles, é certo, é
verificado. Mas se você está só, isso não invalida a promessa, pois
primeiramente nunca se está só; e depois Jesus prevê todos os casos possíveis e
mesmo aqueles que nos parecem impossíveis. Portanto, se você é só, você é assim
mesmo vários: você é corpo mortal, espírito imortal e alma eterna; você é
também dois corações em um só: um para o mal, o outro para o bem; você está
ainda com seus ancestrais, ou melhor, seus ancestrais o acompanham se você está
na Luz, e às vezes também seus descendentes; outros seres estão junto de você;
mas a sua verdadeira companhia, aquela que você pode sempre constituir ou
reconstituir, quaisquer que sejam as circunstâncias temporais ou espirituais, é
essa trindade móvel, viva, tão pequena que ela cabe num segundo, tão grande que
ela preenche o universo: quero dizer o seu eu, que é uma pessoa, sua prece, que
é uma segunda pessoa, e Deus, que é a terceira pessoa. Sujeite o seu eu à
imitação de Jesus; faça suas preces semelhantes às preces de Jesus (qualquer
que seja seu objeto); quanto ao Pai, de antemão, desde que o tempo existe, Ele
está com Seu Filho. Assim vocês serão três, reunidos em Jesus, em Seu nome, em
Sua virtude, em Seu espírito.
***
Trechos retirados do livro: “Mística Cristã” de
Paul Sedir. Este livro está disponível em português no Link: https://clubedeautores.com.br/livro/mistica-crista?fbclid=IwAR2j5weELhHjKnjMtCtVEZenrYKHQMQWT6UZJW9baNaxect5JY-cmkj6p6Y ou na amazona.com.br.
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